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Homenagem do ICSA/UFPA a mulher negra, artista, ativista, professora, guerreira Zélia Amador de Deus

  • Publicado: Quinta, 12 de Março de 2020, 13h56
  • Última atualização em Quinta, 12 de Março de 2020, 14h00

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

 

 


No dia de hoje, 12 de março/2020, a Universidade Federal do Pará homenageará a Profa. Dra Zélia Amador de Deus, docente do Instituto de Ciências da Arte, com a outorga do título de Professora Emérita. Um presente para nós!!!

O referido título é concedido apenas a docentes cujas contribuições tenham sido proeminentes para a Universidade e para a sociedade. A Profª. Zélia está na docência da UFPA há 42 anos, assumiu os cargos de Diretora do antigo Centro de Letras e Artes (CLA), hoje, Instituto de Letras e Comunicação (ILC), e foi Vice-Reitora da UFPA. Hoje, gerencia a Assessoria da Diversidade (ADIS). Ao longo desse tempo, sempre atuou para além dos muros da universidade junto aos movimentos sociais e, particularmente, no movimento negro e movimento de mulheres negras. A sua luta contra o racismo, a discriminação e a exclusão da população negra, começa muito antes de adentrar à Universidade. Zélia nasceu em 24 de outubro de 1949 em uma família negra, no município do Soure, nos campos do Marajó. Assim como seus ancestrais, submetidos ao projeto de colonização nessas terras, enfrentou desde a mais tenra idade os algozes do racismo e, quem tem a oportunidade de vê-la contar sua história, ouvirá falar dos ensinamentos que recebeu de sua avó para travar suas lutas. Lembra que, por repetidas vezes, sempre ao relatar uma situação de racismo vivenciada, a avó chamava-a a tenção dizendo: “Não te abaixa!”. Assim cresceu Zélia, “sem se abaixar”, de cabeça erguida e à frente do seu tempo. E, do alto de sua grandeza intelectual e política também protagonizou a luta contra os horrores da ditadura militar no Brasil. Filiada às ideias do grupo Panteras Negras, movimento revolucionário de grande expressão na década de 1970, nos Estados Unidos, organizou o movimento negro no estado do Pará e, em 1980, foi co-fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA) e, em 2002, do Grupo de Estudos Afro-Amazônicos (GEAM-UFPA). A sua inserção na arte cênica, quando ainda era universitária, vindo a tornar-se uma atriz e diretora de teatro de grande expressão, com trabalhos que ficaram marcados na cena artística de Belém, pelo seu profissionalismo ousado e engajado, muito contribuiu para a organização de grupos envolvidos com a educação popular.  Zélia tem sido, ao longo desses anos, como professora pesquisadora militante, incansável na defesa de uma educação pública, em todos os níveis e esferas, com garantia dos direitos e respeito à diversidade dos povos. Na UFPA, em 2003, participa da discussão sobre a criação do processo seletivo diferenciado para o acesso de indígenas, quilombolas e negros no ensino superior. Dez anos depois, implanta-se a política de cotas para esses grupos.  Hoje, a UFPA disponibiliza vagas para indígenas e quilombolas em todos os cursos, além da cota para negros e oriundos da escola pública. Vê-se que a luta da Profa Zélia vem se concretizando em caras conquistas, porque grupos, historicamente, privilegiados, atuam sempre para não abrir mão daquilo que tomaram para si exclusivamente, como é o caso das Universidades. Nesse sentido, a política de cotas existe porque o racismo é estrutural neste país, como ela sempre denuncia. A entrada de indígenas e quilombolas na Universidade não findou com o racismo nessa instituição e, Zélia, convoca a todos e todas a enfrentar o racismo institucional que impede a permanência desses estudantes e a conclusão dos cursos com êxito. A educação superior inclusiva sempre esteve na agenda de suas lutas e, na gestão do Reitor Emanuel Tourinho, implementou a ADIS, assumindo a sua gestão. A Assessoria se coloca contra qualquer tipo de injustiça, de violência e de violação e, entre as suas ações, está a defesa dos direitos dos estudantes com baixa renda, de estudantes com deficiências, das pessoas negras, de homens e mulheres trans, dos povos originários e tradicionais. A Assessoria, recentemente, envolveu-se com a reivindicação do acesso à universidade pelos exilados, apátridas, refugiados e vítimas de tráfico de pessoas. A proposição foi aprovada pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), em reunião realizada no dia 13 de junho de 2019. Muito digno, portanto, reconhecer a importância que esta Universidade tem para o Norte da Amazônia deve-se à luta e ao trabalho desenvolvido por Zélia Amador de Deus, na busca incessante de integrá-la à sociedade por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, socialmente referenciados. E, ainda, muito digno agradecê-la por esta Universidade ser, cada vez mais, tão diversa, ter a cara dos povos da Amazônia, fruto de sua enorme sensibilidade, humanidade e sabedoria na luta por uma sociedade livre do racismo e de qualquer outro tipo de opressão.

 

Belém, 12 de março de 2020.

 

Por Maria do Socorro Rayol Amoras e Sandra Helena Ribeiro Cruz

 

 

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